A partir de 10/5, encerrando 21/7, “Uma Rua Chamada Cinema” vai homenagear os trabalhadores do cinema que fazem a magia de salas de cinemas de rua
O que seria do cinema sem o bilheteiro, sem o trocador de letreiros, sem o vendedor de pipoca, sem o projecionista? Sem as pessoas que trabalham incansavelmente nos bastidores para que um filme ganhe vida numa sala de cinema? Sem elas, não existiria o cinema. Pelo menos o cinema que o jornalista e fotógrafo Sergio Poroger aprendeu a amar. Com curadoria de João Kulcsar, Poroger leva ao “Maio Fotografia”, que abre dia 10 de maio no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, a exposição “Uma Rua Chamada Cinema”, com 36 fotos de trabalhadores e de salas de cinema do mundo todo.
“Os cinemas de rua constituíram uma parte indelével da infância do fotógrafo. Cresceu imerso na magia dos desenhos animados, aos domingos, ao lado de seu pai no antigo Cine Metro, no coração de São Paulo. Inspirado por essa vivência, nutriu o desejo de nos conduzir por uma jornada visual, capturando fotografias de salas de cinema por vários países, desde os Estados Unidos, Holanda, Polônia, Argentina até o Brasil. Cada imagem é um tributo apaixonado ao mundo cinematográfico. É, portanto, uma homenagem não apenas à arte do cinema, mas também aos profissionais que tornam possível essa mágica”, afirma Kulcsar.
— O senso coletivo que o cinema promove – aquela comunhão dentro da sala – cresce quando inserido no espaço público, fora da clausura dos shoppings. Sua motivação se coloca nesta mistura de nostalgia e tentativa de preservação – nem que como registro – de uma experiência artística e urbana que hoje, ao menos no Brasil, está sob ameaça, completa Poroger.
“Uma Rua Chamada Cinema” foi um longo projeto de pesquisa iniciado nos Estados Unidos, em 2017, como a premissa do fotógrafo descobrir quais locais seriam ideais para fotografar a indústria do cinema refletido no dia-a-dia das pessoas. Captou imagens e locais não óbvios – distante de Hollywood e dos grandes estúdios de Los Angeles. Fez fotos de uma região inusitada, a costa leste americana, que guarda imagens e histórias fantásticas desta indústria, tão forte e presente no dia-a- dia americano. Viajando de carro, de NY a Miami, passou por mais sete cidades (Wilmington DE, Philadelphia, Richmond, Wilmington NC, Charleston, Savannah e Jacksonville). Na segunda fase do projeto, foram captadas imagens de diferentes cidades holandesas, polonesas, argentinas e brasileiras.
—Passei por cenários dos mais diversos – dos grandes centros a pequenas localidades, ao redor do mundo -, onde pude aprender sobre os costumes dos povos a partir do que vemos e preservamos. Os cinemas de rua não falam apenas sobre a história da indústria cinematográfica, mas, cada qual à sua maneira, ilustram dinâmicas sociais das cidades que hospedam. Transformar esses encontros em imagem foi – e tem sido – meu maior desafio, finaliza Poroger.