Sergio Poroger

Cenas On Movies

O que seria do cinema sem a pessoa que vende os ingressos, sem o trocador de letreiros das fachadas e cartazes de filmes, sem o pipoqueiro, sem o projecionista? Sem elas, não existiria o cinema. Pelo menos o cinema que Sergio — jornalista e fotógrafo — aprendeu a amar. Suas imagens mostram pessoas anônimas e comuns que fazem a magia das salas de cinema. É um tributo a elas!

A ideia foi transformar esses personagens marcantes em verdadeiros protagonistas. Os cinemas de rua foram parte marcante da infância do fotógrafo. Cresceu vendo desenhos animados aos domingos com seu pai no antigo Cine Metro, na Avenida São João, no centro de São Paulo. O senso coletivo que o cinema promove – aquela comunhão dentro da sala – cresce quando inserido no espaço público, fora da clausura dos shoppings.

Sua motivação se coloca nesta mistura de nostalgia e tentativa de preservação – nem que como registro – de uma experiência artística e urbana que hoje, ao menos no Brasil, está sob ameaça.

O novo trabalho de cinemas de rua dá sequência ao livro fotográfico Cold Hot, lançado no Brasil e Estados Unidos, em 2017, e que traz as paisagens e localidades do Sul dos Estados Unidos que exalam musicalidade, história e emoção, traçando um paralelo da música e sua influência nas paisagens, arquitetura e os costumes de seus moradores. O novo projeto traz uma seleção de imagens , escolhidas entre mais de 3000 fotografias captadas para o projeto, nos Estados Unidos, Holanda, Argentina e Brasil (interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará/Fortaleza e futuramente de salas de cinema de diferentes cidades de Pernambuco – capital e sertão e Minas Gerais).

Foi um longo projeto de pesquisa. O projeto teve início nos Estados Unidos e a premissa era descobrir quais locais seriam ideais para fotografar a indústria do cinema refletido no dia-a-dia das pessoas. Sergio captou imagens e locais não óbvios – distante de Hollywood e dos grandes estúdios de Los Angeles. Fez imagens de uma região inusitada, a costa leste americana, que guarda imagens e histórias fantásticas desta indústria, tão forte e presente no dia-a-dia americano.

Viajando de carro, de NY a Miami, passei por mais sete cidades (Wilmington DE, Philadelphia, Richmond, Wilmington NC, Charleston, Savannah e Jacksonville), este foi o roteiro escolhido para este trabalho. Na segunda fase do projeto, foram captadas imagens de diferentes cidades holandesas, argentinas e brasileiras. Assim como Cold Hot, as imagens vêm carregadas de cores vibrantes, imagens fortes de anônimos e emoção.

Passou por cenários dos mais diversos – dos grandes centros a pequenas localidades, ao redor do mundo -, onde pode aprender sobre os costumes dos povos a partir do que vemos e preservamos.

Os cinemas de rua não falam apenas sobre a história da indústria cinematográfica, mas, cada qual à sua maneira, ilustram dinâmicas sociais das cidades que hospedam. Transformar esses encontros em imagem foi – e tem sido – seu maior desafio.

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